Hepatite: tipos, vacinas e possíveis efeitos colaterais
Conheça as vacinas disponíveis, opções de tratamento e os possíveis efeitos colaterais associados a esta doença silenciosa
As hepatites são as principais causas de doença hepática crônica, cirrose hepática e carcinoma hepatocelular (câncer). Dessa forma, a carga de doenças resultante das hepatites virais representa uma questão importante para o Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o tipo de vírus, suas características e diferentes formas de infecção, eles ganham essas diferentes “letras”: por isso você vai descobrir que algumas são tratáveis apenas com remédios, depois de descobertas, enquanto outras são passíveis de prevenção.
A maioria dos casos não apresenta sintomas até que a doença esteja em estágio mais avançado, o que pode levar décadas para acontecer. Apesar do SUS disponibilizar amplamente os testes rápidos para hepatite B, que, por meio de uma gota de sangue, conseguem identificar a presença da infecção, a demora no atendimento pode impossibilitar o diagnóstico e, por conseguinte, um tratamento mais rápido.
Neste post iremos abordar tudo que você precisa saber sobre a hepatite, vacinas disponíveis, opções de tratamento e os possíveis efeitos colaterais associados a esta doença silenciosa.
Quais os tipos e diferenças de hepatite existentes?
- Hepatite A (HAV): É causada pelo vírus da hepatite A e geralmente é transmitida através do consumo de água ou alimentos contaminados com fezes de uma pessoa infectada. Também pode ser transmitida através do contato direto com uma pessoa infectada. A hepatite A é geralmente uma infecção aguda que não se torna crônica. A vacina está disponível para prevenir a hepatite A.
- Hepatite B (HBV): É causada pelo vírus da hepatite B e pode ser transmitida através do contato com sangue, secreções corporais, relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de agulhas ou de mãe para filho durante o parto. A hepatite B pode ser aguda ou crônica. A vacina contra a hepatite B é altamente eficaz e é parte do programa de vacinação infantil em muitos países.
- Hepatite C (HCV): É causada pelo vírus da hepatite C e geralmente é transmitida pelo contato direto com sangue infectado, como compartilhamento de agulhas ou equipamentos de injeção, transfusões de sangue não seguras ou procedimentos médicos não esterilizados. A hepatite C frequentemente se torna crônica e pode causar danos progressivos ao fígado. Não há vacina disponível para a hepatite C.
- Hepatite D (HDV): O vírus da hepatite D, ou delta, é uma infecção que ocorre apenas em pessoas que já têm hepatite B. O HDV depende do HBV para se replicar e é transmitido pelo mesmo modo de transmissão do HBV, como contato com sangue ou fluidos corporais.
- Hepatite E (HEV): É causada pelo vírus da hepatite E e é semelhante à hepatite A em termos de transmissão. Geralmente é transmitida através de água ou alimentos contaminados. A hepatite E pode variar em gravidade e pode ser especialmente perigosa para mulheres grávidas. Não há vacina amplamente disponível para a hepatite E.
Vacinas da Hepatite combinadas A e B: Indicação
A vacina Hepatite A e B é indicada para crianças a partir dos 12 meses, adolescentes e adultos, sendo uma boa opção para pessoas que não foram ainda vacinadas contra os dois tipos de hepatite (A e B). Para crianças de 1 ano até 15 anos, são recomendadas 2 doses com 6 meses de intervalo entre elas.
Para adolescentes a partir de 16 anos e adultos, são recomendadas 3 doses. A segunda dose deve ser administrada 30 dias após a primeira e a terceira, 6 meses depois da primeira dose.
Portanto, a melhor estratégia de prevenção da hepatite A e B é a vacina – as doses estão disponíveis nas salas de vacinação de todo país. Elas são altamente eficazes, e devem ser realizadas com esquema completo para ter a máxima eficiência. Saiba o esquema recomendado pelo Calendário Nacional de Vacinação:
Vacinas para crianças
- Hepatite B recombinante: 1 dose ao nascer
- DTP + Hib + HB (penta – entre outras doenças, protege contra a Hepatite B) / 3 doses recomendadas: 1ª aos 2 meses; 2ª aos 4 meses; 3ª aos 6 meses
- Hepatite A (HA): 1 dose recomendada aos 15 meses
Vacinas para adolescentes, adultos e gestantes
- Hepatite B: 3 doses recomendadas (iniciar ou completar o esquema de acordo com a situação vacinal). Intervalo recomendado: 2ª dose deve ser aplicada 1 mês após a 1ª dose e a 3ª dose deve ser aplicada 6 meses após a 1ª dose.
A promoção do diagnóstico é uma das estratégias de prevenção para evitar a transmissão da infecção, neste sentido, é importante intensificar o diagnóstico de todas as pessoas acima de 20 anos, assim como no caso de teste negativo para hepatite B, realizar a vacinação. As vacinas seguem disponíveis no SUS para atualização da carteirinha mesmo na vida adulta.
Como prevenir hepatite B ou C?
Prevenir a hepatite B e C envolve uma série de medidas importantes. Aqui estão algumas orientações para reduzir o risco de contrair essas infecções:
Hepatite B:
- Vacinação: A maneira mais eficaz de prevenir a hepatite B é por meio da vacinação. A vacina contra a hepatite B está disponível e é geralmente administrada em uma série de doses.
- Uso de preservativos: Usar preservativos durante o sexo pode reduzir o risco de transmissão da hepatite B, já que a infecção pode ser transmitida através de fluidos corporais.
- Evitar o compartilhamento de objetos pessoais: Evite compartilhar objetos de higiene pessoal que possam conter sangue, como lâminas de barbear ou escovas de dentes.
- Testagem e precauções médicas: Se você trabalha em ambientes de saúde ou outros onde há risco de exposição ao sangue, siga rigorosamente as precauções médicas e realize exames regulares.
Hepatite C:
Não existe vacina contra a hepatite C, mas existe tratamento e cura. Os medicamentos disponibilizados no SUS conferem a cura em mais de 95% dos casos, com tratamentos que duram, em média, 12 semanas e estão disponíveis para qualquer pessoa com a infecção pelo vírus. É necessário se prevenir:
- Evitar compartilhamento de agulhas: A hepatite C é frequentemente transmitida pelo compartilhamento de agulhas contaminadas, como as usadas para consumo de drogas injetáveis. Evite o uso compartilhado de agulhas e outros equipamentos.
- Segurança nas tatuagens e piercings: Se você decidir fazer uma tatuagem ou piercing, escolha um estabelecimento que siga rigorosas práticas de esterilização.
- Uso de preservativos: Como na hepatite B, o uso de preservativos pode reduzir o risco de transmissão sexual da hepatite C.
- Cuidados em ambientes médicos: Garanta que todos os equipamentos médicos e odontológicos sejam esterilizados corretamente para prevenir a transmissão da hepatite C.
- Testagem regular: Se você acredita ter tido exposição ao vírus da hepatite C, faça testes de triagem regularmente, especialmente se pertencer a grupos de risco.
É importante notar que a hepatite B e C podem ter sérias consequências para a saúde. Se você suspeita que pode estar em risco ou já foi exposto a esses vírus, consulte um profissional de saúde para aconselhamento e testes adequados.
A hepatite C tem maior taxa de detecção em indivíduos acima dos 40 anos de idade, ou que apresentem fatores de risco, como:
- Ter sido submetido a procedimento de hemodiálise;
- Ter diabetes ou hipertensão;
- Ter realizado procedimentos invasivos (estéticos ou cirúrgicos) sem os devidos cuidados de biossegurança;
- Ter realizado transfusões sanguíneas antes de 1993;
- Compartilhar objetos para o uso de drogas;
- Estar privado de liberdade, dentre outros.
Quais são as contraindicações da vacina da hepatite?
A vacina combinada hepatite A e B é contraindicada nos seguintes casos:
- Pessoas que apresentaram alergia grave (anafilaxia) provocada por qualquer componente da vacina ou por dose anterior;
- Pessoas que desenvolveram púrpura trombocitopênica após dose anterior de vacina com antígenos do vírus da hepatite B;
- Para pacientes que estejam com febre no dia da aplicação, é recomendado adiar a vacinação.
Possíveis Efeitos Colaterais e Reações Adversas
- Reações comuns: dor, vermelhidão, inchaço e endurecimento no local da injeção; cansaço; irritabilidade; perda de apetite; mal-estar; dor de cabeça e náuseas.
- Reações raras: calafrios; dor muscular; dor nas articulações; hipotensão; síncope vasovagal (desmaio) e púrpura trombocitopênica. Essas reações geralmente passam em até 48 horas após a aplicação da vacina. Caso apresente algum sintoma que dure do que esse período, é recomendado buscar auxílio médico.
Estamos perfeitamente livres das doenças após a vacinação?
De maneira geral, após completar corretamente o esquema de vacinação, a pessoa fica protegida da doença contra a qual a vacina oferece proteção. Porém, nenhuma vacina é 100% efetiva. Os fatores que influenciam nos níveis ideais de proteção são:
Posso pegar a doença após a vacinação?
Existem dois tipos básicos de vacinas: as inativadas (de vírus morto) e as atenuadas (de vírus enfraquecidos). As primeiras são produzidas por diferentes tecnologias que inativam os agentes infecciosos, geralmente são usadas partes destes agentes, sem conteúdo genético, ou seja, sem vida.
Portanto, não há qualquer possibilidade de causarem a doença. Já as vacinas atenuadas são produzidas de forma a enfraquecer a ação do agente agressor.
Ao serem administradas, ele se multiplica no organismo o suficiente para estimular uma resposta imunológica adequada e segura. Porém, a pessoa pode, ocasionalmente, apresentar reações semelhantes às da doença, só que muito brandas.
O que é cobertura vacinal ?
Cobertura vacinal: Esse termo refere-se ao percentual da população que está vacinada. Quanto mais pessoas receberem determinada vacina, maior será a cobertura vacinal. A eliminação ou controle de qualquer doença imunoprevenível depende da obtenção desse índice de sucesso.
Um exemplo clássico do resultado de alta cobertura vacinal é o da varíola, doença que assolava o mundo matando aos milhares. Depois do esforço mundial para vacinar praticamente todas as pessoas, o vírus por fim desapareceu e agora a varíola é apenas parte da história. O mesmo resultado é pretendido no combate a outras doenças graves, como a poliomielite (paralisia infantil), o sarampo, a rubéola e a hepatite B, por exemplo.
Conforme explicamos neste post, para erradicar a hepatite é necessário que a maior parte da população esteja vacinada. Mas para a erradicação ou controle não basta apenas atingir altas coberturas vacinais, é preciso mantê-las até que o agente causador da doença esteja eliminado.
Mesmo que em determinado momento ocorram apenas poucos casos de alguma doença graças à vacinação, se a população parar de se vacinar, cada vez mais pessoas ficarão desprotegidas e outras tantas serão infectadas, voltando a espalhar a doença, e assim, em pouco tempo, todo o progresso obtido ao longo dos anos estará perdido.