Hepatite B em grávidas: riscos, vacina, tratamento e prevenção
A presença da hepatite B durante a gravidez representa uma preocupação substancial tanto para a saúde da mãe quanto para o desenvolvimento fetal.
Entre 1999 e 2019, o Brasil apresentou uma taxa de detecção de casos de hepatite B durante a gravidez de 10,7%. Dados do Ministério da Saúde indicam que, de 2014 a 2022, a taxa geral de vacinação diminuiu de 96% – atingindo a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – para 76%.
A hepatite B é uma doença transmitida por contato com sangue, fluidos corporais ou relações sexuais com uma pessoa infectada. Durante a gravidez, a transmissão do HBV da mãe para o bebê durante o parto representa um sério risco de infecção crônica. Portanto, é essencial compreender os riscos envolvidos e adotar medidas preventivas.
O diagnóstico e o tratamento precoces desempenham um papel crucial na prevenção da transmissão vertical dessa doença. Assim, é fundamental lembrar dos cuidados amplamente divulgados para as relações sexuais.
No entanto, a via sexual não é a única forma de adquirir o vírus da hepatite B (HBV), embora seja a mais importante. A infecção também pode ocorrer por via parenteral e perinatal (durante a gestação e o parto).
Após a fase inflamatória, o HBV pode ser naturalmente eliminado do organismo, conferindo imunidade. No entanto, problemas surgem quando não é eliminado, causando uma resposta inflamatória crônica que, ao longo dos anos, pode levar a complicações hepáticas graves, como cirrose e câncer de fígado.
A vacina contra a hepatite B faz parte do calendário oficial de vacinação do Ministério da Saúde. A maneira mais segura e eficaz de prevenir a infecção pelo vírus VHB é tomar as três doses da vacina contra a hepatite B.
De uns anos para cá, crianças são vacinadas logo ao nascer e ficam protegidas por toda a vida. Adultos que pertençam a certos grupos de risco também devem receber essa vacina.
O que é o vírus VHB?
O vírus VHB é o responsável pela transmissão da hepatite B, cujo objetivo é infectar os hepatócitos, ou seja, as células do fígado. Essas células podem ser agredidas pelo VHB diretamente ou pelas células do sistema de defesa (processo da hepatite autoimune) que, empenhadas em combater a infecção, acabam causando um processo inflamatório crônico.
O vírus VHB pode sobreviver ativo no ambiente externo por vários dias. O período de incubação dura, em média, de um a quatro meses. Uma pessoa infectada por ele pode desenvolver as seguintes formas da doença: hepatite aguda, hepatite crônica (ou ambas) e hepatite fulminante, uma forma rara da doença que pode ser fatal.
Como acontece a transmissão do VHB?
O vírus VHB está presente no sangue, na saliva, no sêmen e nas secreções vaginais da pessoa infectada.
A transmissão pode ocorrer por via perinatal, isto é, da mãe para o feto na gravidez, durante e após o parto; através de pequenos ferimentos na pele e nas mucosas; pelo uso de drogas injetáveis e por transfusões de sangue (risco que praticamente desapareceu desde que o sangue dos doadores passou a ser rotineiramente analisado).
As relações sexuais constituem outra via importante de transmissão da hepatite B, considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), porque o vírus atinge concentrações altas nas secreções sexuais.
Sintomas de hepatite B na gravidez
De modo geral, os principais sintomas provenientes da infecção aguda pelo vírus VHB durante a gestação são semelhantes aos da hepatite A:
- Náuseas;
- Vômitos;
- Mal-estar;
- Febre;
- Fadiga;
- Perda de apetite;
- Dores abdominais;
- Urina escura;
- Fezes claras;
- Icterícia (cor amarelada na pele e conjuntivas);
Exame de diagnóstico de hepatite B
O diagnóstico da hepatite B geralmente envolve uma combinação de testes de sangue específicos para detectar a presença do vírus da hepatite B (VHB) e avaliar a função hepática. Os principais exames de diagnóstico da hepatite B incluem:
- Teste de Antígeno de Superfície da Hepatite B (HBs Ag): Este é o teste inicial para identificar se uma pessoa está atualmente infectada com o VHB. A presença do HBsAg no sangue indica uma infecção ativa.
- Teste de Anticorpo contra o Antígeno de Superfície (anti-HBs): Após a infecção aguda, se o sistema imunológico da pessoa tiver resolvido a infecção com sucesso ou se a pessoa tiver sido vacinada, ela desenvolverá anticorpos contra o HBsAg (anti-HBs). Este teste verifica a imunidade contra a hepatite B.
- Teste de Anticorpo do Núcleo da Hepatite B (anti-HBc): Este teste pode ajudar a determinar se uma pessoa já teve uma infecção passada pelo VHB. É dividido em dois tipos de anticorpos: anti-HBc IgM (indicativo de infecção recente) e anti-HBc IgG (indicativo de infecção passada ou crônica).
- Carga Viral do HBV: Este teste mede a quantidade de vírus no sangue, o que pode ajudar a determinar a fase da infecção e a gravidade da doença.
- Testes de Função Hepática: Isso pode incluir a medição de enzimas hepáticas, como ALT (alanina aminotransferase) e AST (aspartato aminotransferase), que podem estar elevadas em casos de lesão hepática devido à hepatite B.
- Biópsia Hepática ou Elastografia Hepática: Em casos mais avançados ou complicados, um médico pode recomendar uma biópsia hepática ou elastografia hepática para avaliar o dano hepático com mais precisão.
Vacina da hepatite B
A vacina contra hepatite B, também chamada imunoglobulina contra a hepatite B (HBIG), tem quatros doses, assim distribuídas: ao nascer e depois aos 2, 4 e 6 meses de idade. Mas cuidado, adultos que não se vacinaram seguem um esquema de três doses. Portadores de HIV e imunodeprimidos seguem um esquema especial, com doses reforçadas.
Devem receber a vacina contra hepatite B: gestantes, recém-nascidos, crianças que não foram vacinadas ao nascer, pessoas com vida sexual ativa, aquelas que convivem com pacientes com a enfermidade ou necessitam de transfusões de sangue com frequência, as submetidas à hemodiálise.
Também devem ser vacinados os usuários de drogas injetáveis, os profissionais na área de saúde, os doadores de órgãos sólidos e de medula óssea, policiais, manicures, podólogos, portadores de HIV e de imunodeficiências, vítimas de abuso sexual, a população indígena, entre outros grupos.
Em casos extremos de exposição ao contágio, a vacina da hepatite B pode ajudar a prevenir a infecção se aplicada até 24 horas após a exposição.
Qual o tratamento indicado para a hepatite B?
Na maioria dos casos, o tratamento da hepatite B aguda tem como objetivo aliviar os sintomas e afastar o risco de complicações. Nessa fase, não há consenso sobre a indicação de medicamentos antivirais. Também, ao contrário do que se preconizava no passado, o paciente não precisa permanecer em repouso, mas deve moderar a atividade física.Nem todos os portadores de hepatite B crônica com diagnóstico recente precisam de tratamento imediato. Quando ele se faz necessário, existem remédios que inibem a replicação do vírus e atuam no controle da resposta inflamatória.
O que fazer para evitar a hepatite B na gestação?
De uma forma geral, estes cuidados são imprescindíveis não apenas para as mulheres grávidas, mas para seu parceiro sexual e outros membros que façam parte de sua vida e, futuramente, da vida de seu bebê.
- A prevenção requer atitudes e práticas seguras, como o uso adequado do preservativo e o não compartilhamento de instrumentos perfurocortantes e objetos de higiene pessoal, como escovas de dente, alicates de unha, lâminas de barbear ou depilar.
- Vale a pena consultar um médico sobre a importância de tomar a vacina contra hepatite B, mesmo que você não pertença aos grupos de risco. Essa vacina protege também contra a infecção pelo vírus da hepatite D, que só se manifesta quando ocorre dupla infecção;
- Participar das campanhas de vacinação contra a hepatite B pelo sistema público de saúde.
- As orientações de prevenção às hepatites virais devem ser compartilhadas com os contatos domiciliares e parceiros sexuais.
- A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda às mães portadoras de hepatite B crônica que mantenham a amamentação (na dúvida, consulte um especialista).
Conforme vimos, as gestantes tem prioridade na vacinação contra a hepatite B para evitar a transmissão para o feto em formação. Recém-nascidos cujas mães estão infectadas com hepatite B devem receber uma imunização especial, que inclui imunoglobulina contra hepatite B e vacinação contra hepatite B nas primeiras 12 horas de vida. As crianças devem receber a primeira dose da vacina contra a hepatite B no nascimento e devem completar a série de três doses até os seis meses de vida.
A vacina ou a imunoglobulina contra a hepatite B (HBIG) pode ajudar a prevenir a infecção se aplicada até 24 horas após a exposição.De uma forma geral, todos os adultos deve atualizar seu quadro vacinal, isso inclui pessoas com alto risco de contaminação, incluindo profissionais da saúde, da segurança pública e aqueles que moram com alguém que tem hepatite B, também precisam se vacinar.